Minecraft, TikTok e a cocriação de comunidades digitais

O mundo digital tem tomado um rumo muito diferente do que eu esperava quando sentava no meu desktop em 2004 esperando dar meia noite pra ligar a internet discada e entrar na sala de bate papo UOL. Esse era um dos poucos meios de conseguir se comunicar com pessoas desconhecidas na internet (sim, eu entrava escondido da minha mãe no bate papo UOL porque me fascinava saber que estava conversando com pessoas do Brasil todo).

Eu ainda sou da época que nos horários nobres de televisão, as marcas disputavam a atenção do consumidor pelo maior poder de influência naqueles poucos segundos. Hoje o smartphone nos puxa pro mundo virtual antes do intervalo comercial acontecer. Por isso se fala tanto de transformação digital nas organizações sem falar de humanização antes, ainda há a cultura de que só a presença digital é o suficiente. E isso é tão 2004.

É aí que entra a era do compartilhamento. 

As plataformas de comunidades como o nosso falecido e amado Orkut surgiram e se espalharam democraticamente. Quem teve contato com as rede sociais pioneiras também experimentou umas das primeiras sensações de pertencimento virtual, construção de amizades e a entrada em diversos cenários digitais.

Exponencialmente novas de redes sociais e outras plataformas foram surgindo junto de novos modelos de negócios disruptivos para o cenário social. A internet tomou conta dos negócios, da comunicação, do consumo e começou a ditar o comportamento social e econômico. O empreendedorismo ganhou holofote e a inovação nunca teve um ciclo tão rápido. Adquirir conhecimento novo ficou mais fácil – o desafio que fica é tornar o conhecimento acessível.

Segundo o último relatório da Cisco, o Cisco Annual Internet Report Complete Forecast Update 2018-2023, o mundo passará de 3,9 bilhões de usuários da rede (2018) para 5,3 bilhões (2023). A caminhada até a democratização da internet também é uma caminhada de democratização do conhecimento, todos terão oportunidade de aprender e voz ativa para ensinar. Pense em todos os conteúdos que você conhece hoje: lazer, culinária, entretenimento, humor, educação; e agora imagine 5,3 bilhões de pessoas ativas online no mundo produzindo e consumindo conteúdos novos em diferentes línguas (ótimo momento pra se pensar em saúde mental <3).

E o que podemos ensinar e aprender com as novas gerações?

As redes sociais são os exemplos claro de que cada pessoa se torna uma mídia em potencial. Desde o surgimento de influencers, o mercado das marcas dos comerciais de televisão estremeceu pois a voz de um influencer que vivenciou um produto ao vivo se tornou mais vendível do que um ator decorando textos ou um especialista (menos pra Colgate que 9 a cada 10 dentistas recomendam).

O TikTok dá um passo além do que todos os outros app de vídeos chegaram até agora, é possível fazer uma paródia colaborativa como é o caso da @vovodorap que viralizou conforme seus vídeos foram evoluindo com outros usuários até se tornar uma banda virtual. (incrível, né?)https://www.youtube.com/embed/7JFtHSsPHpU?controls=1&rel=0&playsinline=0&modestbranding=0&autoplay=0&enablejsapi=1&origin=https%3A%2F%2Fmarcasconscientes.com&widgetid=1

Jeremy Heimans and Henry Timms, os atores do livro The New Power, mostram como isso que eu venho mostrar nesse artigo se apresenta no game. No Tetris, famoso jogo de mini game portátil lançado pela Nintendo em 1989, os blocos caem de cima pra baixo e tentamos encaixar em linhas para que eles possam desaparecer continuamente antes que qualquer jogador entre em colapso sobre a pressão do jogo – lembrou algum ambiente de trabalho?. Já o Minecraft, criado pela Mojang Studios e febre do século 21 com a temática de pixel também, serve como a metáfora de como as novas gerações vem se comportando: tudo no Minecraft é construído de baixo pra cima e a construção de mundo dos outros jogadores é colaborativa. 

MINECRAFT ATINGIU A MARCA DE 176 MILHÕES DE UNIDADES VENDIDAS A NÍVEL GLOBAL, DE ACORDO COM DADOS DIVULGADOS PELA MICROSOFT. O NÚMERO COLOCA O GAME COMO O MAIS VENDIDO DA HISTÓRIA. O CONCORRENTE MAIS PRÓXIMO SERIA O TETRIS. 

#maisumareflexão: uma criança do século 21, que nasce jogando Minecraft e não Tetris. Como que ela, ao crescer, se comportará com instituições, organizações, com a política e sua relação com a comunidade? 

Na quarentena, alguns adultos foram capazes de enxergar um mundo onde as crianças já estavam sendo preparadas: de conectividade e cocriação em comunidade digital. Felizmente, nós da geração millennials, tivemos o primeiro contato com a democratização da tecnologia, por isso temos o poder e a energia de estruturar e preparar um mundo onde essas crianças nos mostrem e nos ensinem mais sobre esse novo nível de consciência.

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