Este é um artigo de estudo e análise sistêmica social da comunidade LGBTQIAPN+, futurismo, ecologia e sobre as lideranças. É um estudo extenso e dura 10 minutos de leitura. Comecei a escrever esse artigo depois que comecei a me perguntar onde estavam os líderes LGBTQIAPN+ fora dos espaços que se fala exclusivamente de diversidade e inclusão. Eu, como um designer, pesquisei o passado da nossa história para entender como criar futuros possíveis.
Vamos começar fazendo um exercício de visualização: Imagine você estudando no ensino médio, pensando na sua profissão do futuro e em todas as possibilidades que você poderia ser na vida. Quais são as pessoas que te inspiraram? Existe alguma pessoa LGBTQIAPN+ entre elas?
A realidade é que pessoas LGBT+ passam muito tempo tentando ser o que as outras pessoas querem que elas sejam. Crescer como criança Queer é se esconder do mundo, privar sua expressão, tolir sua espontaneidade, ser silenciade e não ter representações nos ambientes.
Eu estive em um evento recentemente representando minha empresa insight | Marcas Conscientes que trabalha de branding e cultura, nesse evento fiquei dentro do espaço de Diversidade e Inclusão mesmo sem nunca ter mencionado o tema com a empresa em questão. É como se eu não pudesse sair da pauta que me atravessa para falar de outras coisas. Como se eu não pudesse ser autoridade em outros assuntos. Então me perguntei, onde estão os líderes LGBT+ fora dessas pautas de diversidade?
Claro que a resposta é muito mais complexa e profunda do que aparenta. Vamos comigo viajar nesse estudo?
A ANTROPOLOGIA REDUCIONISTA
Se a gente aprofundar na história da humanidade, percebemos que a diversidade é fator importante para um bem estar coletivo. O Homo Sapiens em essência é um animal social. Então, a cooperação social foi fundamental para sobrevivência e reprodução com acúmulo de informações que transmitimos (somos naturalmente contadores de história).
Com o passar dos anos e das construções dos impérios foi construído também a importância da imagem do homem, geralmente cis hetero e branco, como um ser dotado de poder e inteligência e, portanto, livre para realizar suas ações no mundo. Isso tudo foi usado para justificar o imperialismo colonizador, que negavam a alma de pessoas pretas e indígenas e subjugavam qualquer outra forma de vida (mulheres, homossexuais, animais…). Sentimos o respingo dessa era até hoje impregnadas em instituições e sistemas sociais.
Lá em 1626, Francis Bacon afirmou que “Saber é Poder”. Naquele momento, o homem passa a dominar e prever a natureza. E a medida que a ciência passou a resolver problemas não respondidos pela igreja, muitos começaram a acreditar que a humanidade tinha condições de superar outros problemas adquirindo mais conhecimento.
Até nos dias de hoje, você encontra figuras predominantemente homens cis hétero branco que sempre se colocaram como um pseudodeus dono absoluto de tudo mas a nível corporal continua sendo o mesmo animal racional e mamífero que todos nós somos.
#maisumareflexão: Para se sustentar no poder, o homem hétero cis branco cria diversas alternativas para manter o controle. Seja um metaverso digital, seja a colonização da lua, o tal homem cria novas necessidades e novas formas de evitar a morte de si e de seu poder, o ego sempre tenta sobreviver (quais os maiores líderes mundiais hoje te fazem lembrar desse perfil?).
O ANTROPOCENTRISMO É INIMIGO DA DIVERSIDADE.
O homem antropocêntrico utiliza de embasamentos científicos para justificar seus meios de continuar no poder.
A herança do antropocentrismo subjuga todas as formas de vida do planeta porque desconsideram a colaboração da natureza pois acreditam na sobrevivência do mais apto (neo-darwinistas).
#enquete quantas vezes essas imagens ao lado são mostradas no cotidiano da publicidade?
Judá Nunes, travesti educadora, gestora de projetos e uma pessoa que eu admiro muito afirma que:
“Todas as pessoas devem ser responsáveis por mudar a mentalidade da sociedade e garantir que as pessoas trans e travestis sejam incluídas e valorizadas em todos os aspectos da vida, incluindo o mercado de trabalho. Precisamos garantir que todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero, possam ter acesso a empregos justos, seguros e bem remunerados. Pessoas trans e travestis estão aqui para fazer a diferença, para mostrar que somos capazes de grandes feitos e para construir um futuro melhor para todas as pessoas.”
Judá Nunes
Em uma sociedade em que a comunidade LGBT+ foi tolida do direito de existir. Cabe a nós, principalmente os mais privilegiados na hierarquia social, entender como nosso posicionamento e ações conseguem tornar o mundo mais equitativo em níveis públicos, financeiros, emocionais, psicológicos… o quanto nossa humanidade consegue ajudar?
Minha amiga psicóloga, Jaque Santos, cita as palavras chaves para a mudança de paradigma metaforizando a saída do armário pautado em sua vivência como mulher trans:
“Sair do armário e enfrentar as estruturas do privilégio cishétero é uma tarefa de CORAGEM, mas também de SOBREVIVÊNCIA. É sobre ACEITAR quem você é de forma INTEGRAL.”
Jaque Santos
Por essa razão, pessoas LGBT+ estão sempre em comunidades e ao redor de pessoas que reforçam senso de comunidade. Nós somos o conjunto de tudo que nos constrói. Nós valorizamos o conjunto de tudo o que nos constrói. Então a importância de lideranças LGBT+ está na possibilidade de compreender a sensibilidade de outro ser humano.
Quando pergunto onde estão os líderes LGBT+ quero saber o porquê ainda temos líderes egocêntricos que prezam mais pelo lucro do que pela prosperidade do mundo e das pessoas, enquanto estamos caminhando por uma ladeira de doenças psicosomáticas. Precisamos ativar uma emergência na sensibilidade humana.
O PODER DA SENSIBILIDADE, O PODER DA COMUNIDADE
O mercado, representado por uma grande hierarquia imperativa, explora pessoas e pautas para o acumulo de capital criando inclusive competições degenerativas e consumo descartável (seja de lixo, seja de relações).
Enquanto empresas insistirem num sistema mecânico de trabalho, uma liderança imperativa e autoritária, segmentado e cheio de burocracia estarão fadadas a depender cada vez mais da tecnologia, e, para se destacar, a estratégia da empresa será correr para acompanhar(copiar) as inovações.
Uma cultura organizacional quem tem a habilidade de perceber a sensibilidade das relações e possíveis frutos que surgem na pratica organizacional saudável, entende que a criação de espaços de acolhimento, apoio, oportunidade, pertencimento e valorização das pessoas diversas é o pilar da inovação.
CONCLUSÃO: O PROBLEMA SISTÊMICO.
Resumidamente estou tentando dizer que a colaboração entre seres diversos contribuiu (mais do que foi reconhecido) na construção dos sistemas complexos. A supremacia higienista tenta limitar até hoje grupos subrepresentados a ganharem destaque em suas respectivas funções (seja ela qual for). Podemos ver nos EUA, deputados proibiram a simples leitura de Drag Queens em escolas. Isso nada mais é do que manter a repreensão de nossa existência.
Embora Diversidade e Inclusão seja o assunto mais hypado do momento e todas as marcas parecem ter essa pauta na ponta da língua. Não vemos muito líderes LGBTQIA+ pelas empresas.
É uma luta constante para nos ver representades na cadeira de C-LEVELS, onde existe tomadas de decisões. É um problema sistêmico.
Por fim, eu termino com essa frase da Vitor Martins na qual admiro:
“Todo ambiente de trabalho em geral vai ser mais danoso mentalmente para mulheres, pessoas negras, pessoas com deficiência, +50, trans, entre outros grupos minorizados. Isso acontece porque convencionalmente tais espaços não foram construídos pensando nas nossas identidades. Nós estamos lá, mas isso não significa que fomos considerados(as) nos projetos iniciais.”
Vitor Martins
Pessoas LGBTQIAPN+ estão em busca de suas identidades antes de se entenderem como gente. Sabemos a potência que temos individualmente e no coletivo.
E você? Quantos líderes LGBTQIAPN+ conhece? Comenta aqui pra gente conhecer.
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